Quando a campeã favorita das olimpíadas de Tokyo para tudo e diz que precisa cuidar da saúde mental, ela põe luz a um fato que vem ganhando destaque na pandemia.
Questões como medo de morrer, luto, incertezas, confinamento, problemas econômicos, atingiram o mundo, agora o desafio é como lidar com essa vulnerabilidade.
Mas o que é o estresse?
O estresse é uma reação do corpo a situações de ameaça. Trata-se de um “estado de alerta”, uma resposta biológica normal para nos proteger em momentos de risco. Em outras palavras, quando o organismo se sente ameaçado, ocorre um aumento da produção de adrenalina e cortisol, que estimula o corpo a agir diante do perigo.
Segundo o Alex Antoniazzi, enfermeiro chefe do Clude, quando muitas demandas se somam, nos cansamos e podemos ficar estressados. Mas estresse não é sempre ruim. Precisamos do estresse, pois ele nos ajuda na adaptação a situações como um emprego novo, o começo do casamento, quando saímos da zona de conforto.
Nosso corpo é preparado para receber pequenas doses de estresse, pois isso contribui para equilibrar as funções orgânicas e para enfrentar diversos problemas do dia a dia. O problema está nos casos crônicos, ou seja, quando o organismo está sujeito a doses de estresse constantemente. A sucessão de eventos de estresse pode provocar sérios problemas de saúde, pois essas alterações hormonais aumentam a tensão muscular, aceleram a pressão e os batimentos cardíacos, causam problemas gastrointestinais, e podem até afetar o funcionamento de diversos órgãos do corpo, por exemplo.
Mas o estresse excessivo também pode causar uma série de doenças, e como ele é um problema cada vez mais presente na nossa sociedade, reconhecer estas doenças causadas pelo estresse é fundamental para identificar os sintomas e realizar os tratamentos adequados o quanto antes.
Principais doenças causadas pelo estresse:
1. Insônia
As alterações hormonais provocadas pelo estresse excessivo podem atrapalhar a qualidade do sono. Com isso, a pessoa se sente cada vez mais cansada e vai acumulando cada vez mais estresse, agravando assim seus sintomas.
2. Depressão
Além da adrenalina, outro hormônio que tem suas taxas de produção aumentadas com o estresse é o cortisol. E quando os níveis de cortisol aumentam muito, ocorre simultaneamente a redução de dopamina e serotonina, duas substâncias que, quando em baixa quantidade, estão associadas à origem da depressão.
Neste sentido, é preciso praticar atividades que diminuam os níveis de estresse e impeçam a ansiedade em excesso e o aumento das taxas de cortisol. Procure dormir bem, realizar exercícios físicos e manter um estilo de vida mais saudável. Para vencer a depressão é igualmente fundamental evitar ambientes tóxicos e pensamentos negativos.
3. Problemas do coração
Um dos principais sintomas do estresse é a aceleração dos batimentos cardíacos e aumento da pressão. Isso ocorre porque o estresse provoca uma redução do fluxo sanguíneo, que faz aumentar batimentos e pressão arterial.
Quando o estresse se torna crônico, estas alterações no fluxo sanguíneo podem causar irregularidades no funcionamento do aparelho circulatório e até mesmo provocar o entupimento de veias e artérias, o que pode comprometer ainda o funcionamento de outros órgãos. Nos quadros mais graves, o estresse crônico pode evoluir para casos de AVC e de infarto.
Praticar exercícios e evitar alimentos gordurosos ou com muito sódio são alternativas para evitar problemas cardíacos ligados ao estresse.
4. Prisão de ventre
O estresse pode provocar diversos efeitos nas funções intestinais, como alteração da flora intestinal e prisão de ventre. Eventos de estresse constante também fazem com que a pessoa sinta desconforto na região abdominal, além de dores, distensão e flatulência. Isso ocorre porque, sob estresse, o cérebro emite sinais para que o intestino se contraia.
Estas contrações anormais podem evoluir para complicações mais graves, podendo até se tornarem permanentes, uma condição chamada de síndrome do cólon irritável.
Uma das alternativas mais eficazes para minimizar estes transtornos é adotar uma alimentação equilibrada. Uma dieta desequilibrada, ou seja, com a falta (ou o excesso) de certos nutrientes, pode contribuir para o desenvolvimento do estresse. Por isso, recomenda-se que a pessoa crie um plano alimentar, para controlar melhor a alimentação.
5. Alzheimer
Ansiedade, estresse e cansaço podem aumentar em até 40% o risco de doenças neurológicas como o Alzheimer. É o que diz um estudo feito pela Universidade de Copenhague, em parceria com o Centro Dinamarquês de Pesquisa e o National Research Centre for the Working Environment. De acordo com o estudo, quando a exposição excessiva a fatores que provocam reações como ansiedade, depressão e irritabilidade ocorre em pessoas com 50 anos, as chances de desenvolver demências, como a doença de Alzheimer, são maiores.
6. Doenças de pele
A exposição a situações de estresse por longos períodos pode provocar o surgimento de doenças tanto físicas quanto emocionais. Desta forma, o estresse excessivo pode causar dermatites, como acne, vitiligo e psoríase. A psoríase, inclusive, é uma doença que geralmente surge a partir de problemas causados pelo estresse, descontrole emocional ou excesso de preocupação com alguma situação.
Fique atento aos sinais de estresse:
- Tensão e dores musculares;
- Cansaço e indisposição;
- Alterações no sono;
- Perda de apetite ou compulsão alimentar;
- Alterações no humor e irritação constante;
- Aumento da ansiedade;
- Falta de concentração;
- Dificuldade de memorização;
- Preocupação excessiva ou desinteresse pelas coisas;
- Consumo compulsivo de álcool e cigarros;
- Uso abusivo de outras drogas.
Qual a melhor terapia para o tratamento do estresse?
Considerado um dos males do século, o estresse afeta um número cada vez maior de brasileiros. Buscar ajuda especializada é o primeiro passo para que você possa recuperar a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida. Para além do tratamento medicamentoso, existem terapias integrativas para estresse que podem te ajudar a combater esse mal tão prejudicial à nossa saúde.
A prática de exercícios físicos como atividades aeróbicas, anaeróbicas, treinos de relaxamento, yoga, técnicas de resiliência e reestruturação cognitiva podem ajudar. Também é recomendado evitar alimentos que contenham cafeína, cigarros e bebidas alcoólicas para amenizar o estresse.
Estresse e ansiedade são a mesma coisa?
O estresse e a ansiedade costumam andar de mãos dadas, mas não são a mesma coisa. Uma pessoa exposta constantemente a uma situação estressante pode desenvolver um transtorno de ansiedade e, por sua vez, uma das manifestações sintomáticas do transtorno de ansiedade é o estresse. Sua principal semelhança é que ambos são sentimentos, respostas naturais do nosso organismo às situações de alerta, porém quando acionados de forma recorrente pelo sistema simpático, tornam-se problemáticos.
A principal diferença entre a ansiedade e o estresse é que o estresse está sempre ligado a um fator externo existente, mas a ansiedade não necessariamente, pois ela muitas vezes se antecipa ao acontecimento. Portanto, não são o mesmo problema, mas sim duas reações muito semelhantes.
Portanto, é preciso estar atento para identificar sinais de estresse e buscar o tratamento adequado. Lembre-se de que, quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores são as chances de vencer as doenças causadas pelo estresse e restabelecer o equilíbrio emocional do organismo.
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