Além de estarem entre as principais causas de morbidade e mortalidade no Brasil e no mundo, as doenças cardiovasculares geram um alto custo aos sistemas de saúde. Dessa forma, a educação da população acerca de medidas de prevenção e controle dos fatores de risco tornam-se essenciais.
Analisando a magnitude do destaque em termos de saúde e gastos públicos, medidas preventivas devem ser tomadas para além do tratamento precoce, enfatizando o controle dos fatores de riscos como obesidade, sedentarismo e tabagismo. Isso é possível através de ações educacionais que levam à população o conhecimento sobre doenças crônicas e seus riscos, contribuindo no ideal de promoção de saúde.
Intervenções educacionais direcionadas podem contribuir como medidas de prevenção na população. Instruções direcionadas à modificação de hábitos de vida são eficientes na redução do risco cardiovascular e controle dos fatores de riscos. Além disso, o ensino sobre reconhecimento e realização do manejo inicial de uma emergência cardiovascular também tem impacto na mortalidade dessas doenças. O reconhecimento e a realização de suporte básico de vida (SBV) em paradas cardiorrespiratórias pela população leiga são essenciais, pois esses cuidados podem levar a um aumento da sobrevida e diminuição de sequelas nos pacientes.
Promoção da Educação em Prevenção
A educação em saúde busca a redução de agravos e tem como objetivo principal reduzir os danos subsequentes do processo de adoecimento. Ainda, possibilita ao indivíduo ponderar sobre o que é melhor para sua saúde e fazer escolhas de acordo com seu julgamento, valores e preferências. A ação educativa contribui com a inclusão de tecnologias de saúde. Ferramentas de apoio à decisão compartilhada com o paciente podem possibilitar a mudança do valor cultural de saúde, não só pelo empenho, mas também pela maior autonomia e responsabilidade do indivíduo com sua própria saúde.
A autonomia no controle da própria saúde no seu contexto social pode fortalecer e empoderar a tomada de decisão e a mudança de hábitos recomendados. Desempenhar o diálogo na gestão do conhecimento para ação educativa é acolher o contexto de vida da população na sua comunidade, considerar as soluções possíveis; incentivar a autonomia sobre a vida, participar do processo de mudança, para que seja possível transformar o padrão cultural.
Transformando Valores e Hábitos
Para conseguir modificar costumes, o indivíduo precisa dar novo significado aos valores incorporados desde cedo. É necessário compartilhar informações, adquirir conhecimentos que o levará para ação consciente, em concordância com a orientação recebida. Construindo o aprendizado de que os hábitos se modificam dando novo significado ao conhecimento não é abrir mão da cultura e sim incorporar novos valores.
Os principais sinais e sintomas que caracterizam as doenças cardíacas possuem relação direta com o sistema respiratório. Dentre esses, destacam-se dispneia, fadiga, dor no peito, alterações na pressão arterial, edema, síncope, alterações na frequência cardíaca, cianose, nictúria e tosse com hemoptise.
Fatores de Risco Gerais para Eventos Cardiovasculares
Apesar das peculiaridades de cada doença cardiovascular, estudos evidenciam que existem alguns fatores de risco gerais que podem estar relacionados à ocorrência dos principais eventos cardiovasculares, como, por exemplo, a dislipidemia, a hipertensão arterial sistêmica, o tabagismo, a idade, a presença de diabetes mellitus, o histórico familiar de doença isquêmica cardíaca precoce, a obesidade e o sobrepeso, o sedentarismo, a etnia e os fatores psicossociais.
A literatura ainda relata a presença de fatores condicionantes, como a alteração nos valores de triglicérides, lipoproteínas, homocisteína, fibrinogênio e fatores inflamatórios, sendo os últimos possíveis marcadores de doenças cardiovasculares. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças do sistema cardiovascular.
Impacto dos Fatores Comportamentais de Risco
Os mais importantes fatores de risco comportamentais, tanto para doenças cardíacas quanto para AVCs, são dietas inadequadas, sedentarismo, uso de tabaco e uso nocivo do álcool. Os efeitos dos fatores comportamentais de risco podem se manifestar em indivíduos por meio de pressão arterial elevada, glicemia alta, hiperlipidemia, sobrepeso e obesidade.
Dentre as ações que são realizadas como forma de prevenção para as doenças cardiovasculares, destacam-se as intervenções educativas incentivando a importância da adesão da reabilitação cardiovascular e o tratamento adequado. Além disso, atuar com a educação em saúde por meio de diálogo promove à população alvo a compreensão da importância do envelhecimento saudável, além de estabelecer vínculos entre o profissional e o usuário.
Enfermeiros como Agentes de Prevenção
O enfermeiro tem o papel fundamental em detectar o nível de conhecimento do paciente e da família sobre a doença. Além disso, deve promover assistência direta por meio da educação em saúde, motivar o paciente na adesão ao tratamento, orientar sobre a importância do uso dos medicamentos, realizar monitoramento do peso e praticar atividades físicas conforme a progressão clínica. No enfoque da doença, deve-se entender as necessidades do paciente durante a assistência e fornecer suporte emocional, realizar intervenções no controle do avanço da doença e reavaliar novos métodos educativos.
Transformando Hábitos e Perspectivas
Na perspectiva de difundir a promoção e prevenção dentro do campo da saúde do homem, o Ministério da Saúde trouxe como prioridade, no ano de 2008, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), tendo como um dos seus principais objetivos reconhecer a singularidade masculina dentro do contexto sociocultural, político e econômico, além de respeitar os níveis de organização dos sistemas de saúde, a fim de reduzir as taxas de morbimortalidade associadas às doenças preveníveis.
Os homens são mais vulneráveis a doenças em comparação à mulher devido à maior exposição a fatores de risco comportamentais e culturais, além de ter que arcar com o estereótipo de gênero na sociedade que fortalece a desvalorização do autocuidado neste público. Ao invés de buscar a prevenção, acabam adentrando no sistema de saúde através da atenção terciária, quando o agravo já se instalou, gerando um alto custo para o Sistema Único de Saúde.
Intervenções Educacionais para Prevenção
O papel de não vulnerável leva o homem a se envolver em atividades muitas vezes agressivas e que põem em risco sua saúde. Além de se exporem mais a situações de risco, os homens têm mais resistência a procurarem os serviços de saúde. Esta resistência também se relaciona com a perspectiva de gênero e a invulnerabilidade masculina, o que implica diretamente nos índices epidemiológicos destes indivíduos.
Os fatores de risco às doenças cardiovasculares são modificáveis, podendo ser corrigidos através da educação em saúde e mudanças no estilo de vida. Tais ações são um grande desafio para o gerenciamento do cuidado de enfermagem na perspectiva de gênero e oferecem importantes discussões sobre promoção e prevenção de agravos à saúde.
Desta forma, é possível promover a saúde e alterar prognósticos que envolvem modificações de estilo de vida, favorecendo a este grupo a compreensão de sua realidade e, quem sabe, uma perspectiva melhor de vida.
Referências
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